(Homenagem a Adélia Prado. E a minha mãe)
... “quanto mais velha, mais perto de Deus, cujo lugar é o princípio”...
E eu sempre às voltas com a justiça... desde pequena, virou profissão. E inevitavelmente, desilusões. Que ora não vêem ao caso, mas idéias não escolho, surgem.
E através de Adélia, refleti: por que, ao assistir a um episódio violento sobre a vida dos animais (por exemplo), não surge em meu peito qualquer sentimento indignado? Por que uma fatalidade também não gera essa agonia, só tristeza genuína?
De onde vem este agoniado sentimento de (in) justiça? Ah... Das coisas humanas criadas (ou mal criadas). Sentido ao ver criança passar fome (de comida ou de amor), ao compreender as razões de uma guerra ou da violência nas cidades e nos campos.
Sentido quando penso em quanto uma faxineira ganha e imagino o que ela deve ter que fazer para sustentar seus quatro filhos. Quando penso em como a miséria brutaliza. Indivíduos e sociedades inteiras.
Vem então o aperto. Por mais voltas dadas, por mais justificativas e defesas criadas em volta de mim, ele volta. Sempre.
Sempre que o triste é criado pelo homem. Triste puro é uma coisa, triste injusto é outra bem diferente.
Justiça é concepção humana. Criada para tentar consertar nosso desconserto. E Deus não tem nada a ver com essas nossas tristezas criadas.
Religiões, tirem ELE disso, por favor!
Mas se o SEU lugar é o princípio, por que não retornar ao coração da criança que fomos ou ao profundo da nossa alma? Aos princípios que conhecemos? Mas que seja honestamente.
Retornou a agonia? Talvez dela nasça a legitimidade, caminho para a justiça, também princípio e, paradoxalmente, lugar de Deus. [Juliana]
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