VEJA

UM CONTO CHINÊS - 2011 - Argentina e Espanha - Dirigico por Sebastián Borensztein, com Ricardo Darín, Muriel Santa Ana, Huang Sheng Huang   Já que estamos pensando em situações nonsense, nada melhor do que esse filme, em que o mote para o encontro entre o argentino e um chinês é uma vaca que cai do céu e destrói o relacionamento amoroso do oriental, matando sua namorada. A situação desenboca no embarque do chinês para a Argentina, em busca de um parente distante e no encontro entre os dois, entre duas culturas, com várias situações hilárias e emocionantes. Achei bacana.

Traídos Pelo Desejo - 1992 - Inglaterra - Dirigido por Neil Jordan - Com Stephen Rea, Forest Whitaker, Miranda Richardson, Adrian Dunbar.
Uma fábula é o mote deste filme espetacular, contada por Whitaker, no papel de soldado britânico negro, Joder,raptado pelo Ira:

"O escorpião, precisando atravessar um curso d'água, pergunta ao sapo se ele pode ajudá-lo, ficando nas suas costas enquanto o anfíbio nada até o outro lado. O sapo alega que será ferroado, mas o escorpião lhe garante que não fará isso, pois senão os dois morrerão afogados. O sapo então carrega o escorpião em suas costas, mas enquanto estão ainda no meio da água, o outro lhe dá uma ferroada. Antes de morrer, o sapo pergunta o porquê para o escorpião. Este responde: "Eu não pude evitar, é a minha natureza".
Cheio de idas e vindas, o film nos surpreende, agradavelmente, do início ao fim, iniciando-se com o rapto do soldado britânico, desenvolvendo-se com a amizade nascida entre ambos - o soldado e o militante do Ira - e caminhando para uma história de desejo que trai, uma vez mais, o personagem Fergus, vivido por Stephen Rea. Se você ainda não viu, não deixe de assistir e tire suas próprias conclusões.

O Discurso do Rei – 2010 – Inglaterra. Colin Firth, Geoffrey Rush e Helena Bonham Carter. Baseado em citações reais, o filme conta a história de dois homens, diferentes em todos os sentidos, que constroem uma forte relação de amizade arduamente construída. Colin Firth é um dos meus atores preferidos e está perfeito nesse filme, mas devo confessar que caí de amores pelo terapeuta interpretado magistralmente por Geoffrey Rush.

MELANCHOLIA - Dinamarca/Suécia/França/Alemanha, 2011, drama, 136 min.). De Lars von Trier, com Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg, Kiefer Sutherland, Alexander Skarsgård, Charlotte Rampling e John Hurt.
Melancolia é um filme triste, sem dúvida. Mas é também um filme maravilhoso! A fotografia é de uma beleza! E o início do filme, apresentado quase quadro a quadro, ao som do prólogo de Tristão e Isolda, de Wagner, é uma coisa arrebatadora. O planeta Melacholia se aproximando, tão azul, tão belo, dá uma vontade imensa de se entregar. Talvez como nossa melancolia de cada dia, que exatamente por ter uma certa beleza nos atrai pro fundo do poço. Mas é também necessária (desde que não nos domine) pra gente enfrentar a vida como ela é. LINDO! Assista.

SIMPLESMENTE COMPLICADO (Direção: Nancy Meyers; Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin; EUA, 2009, 118 min.) - Há dias em que nada cai melhor do que uma comédia romântica, não é?! Mas, como acontece com todos os gêneros, no meio delas encontramos tanto pérolas como porcarias. Portanto, escolha uma boa comédia romântica pra não chorar de arrependimento! Simplesmente Complicado é certamente uma delas, porque conta com uma história muito bem bolada, divertida e original sobre o romance após os cinquenta e após o divórcio, além de trazer Meryl Streep, Steve Martin e Alec Baldwin numa deliciosa sintonia de humor!


NOTTING HILL (Diretor: Roger Michell; Roteirista: Richard Curtis; Julia Roberts e Hugh Grant, EUA, 1999, 124 min.) - Uma outra comédia romântica que eu sugiro é o já clássico Notting Hill, repetido à exaustão na TV a cabo, porque agrada mesmo e muito a praticamente todo mundo (eu mesma já vi umas 3 vezes!). Colocando uma atriz mundialmente famosa na vida de um livreiro fracassado no amor, ele inverte com muita graça a conhecida fórmula da cinderela, sem perder o nexo com a realidade e o tom sarcástico e inteligente do velho bom humor inglês. Se já viu, vale a pena ver de novo!






A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS – Este é um daqueles filmes que, além de ter o adorável Tim Robbins em seu elenco, termina e não sai de nossas cabeças. Tocante e sensível conta a história da relação que é construída entre uma reservada e distante enfermeira e um operário seriamente ferido que aos poucos vão dividindo seus segredos.

KRAMER X KRAMER (Dir. Robert Benton; Dustin Hoffman e Meryl Streep; 1979, drama, 105 min.) - Kramer x Kramer, além de ter como protagonistas dois dos melhores atores do cinema, Dustin Hoffman e Meryl Streep, tem também uma história envolvente, que cuida com muita inteligência e sensibilidade da difícil mas extremamente enriquecedora transição de mundos provocada pela recente emancipação feminina, na qual o homem se vê desafiado a ser tão marido e pai quanto provedor e a mulher se vê desafiada a ser tão livre e dona de sua vida profissional quanto esposa e mãe. Minha opinião sincera sobre o tema: obrigadíssima às feministas e ao meu marido!!! Não queria ter outro tipo de relacionamento!




MARY & MAX: linda história e verídica amizade, contadas em ‘desenho de massinha’ para fazer qualquer grandão chorar! Como está escassa a delicadeza no mundo! Bom filme!


A ÁRVORE DA VIDA (Diretor e roteirista: Terrence Malick; Brad Pitt, Jessica Chastain e Sean Penn; 2011, 139 min, drama) – Para os que não conhecem ou não gostam da filmografia de Terrence Malick, este filme não passa de mais um espanta-público. Já para aqueles que são fãs do diretor e de seu inconfundível estilo filosófico e poético, como é o caso do Bê e o meu, depois que ele graciosamente me fez descobrir Malick, “A Árvore da Vida” é uma verdadeira obra-prima do cinema, mais do que merecedora da Palma de Ouro de Cannes. Os presentes que o diretor e roteirista distribui àqueles que se deixam tocar pela obra, fruto de mais de 2 anos de trabalho árduo, são muitos e inestimáveis. Músicas e fotografia sublimes... Imagens estonteantes da formação da vida no planeta, do nascimento e crescimento da vida humana na pessoa do menino protagonista (que, aliás, rouba a cena no filme)... Os mistérios da “natureza” e da “graça”, da vida e da morte, a família como berço, o caminho árduo do crescer e do descobrir o mundo, a força das pessoas na nossa vida... Definitivamente, não precisamos nos identificar com as minúcias da história do menino para que o filme de Malick ilumine em nós, se nos deixarmos tocar, as cenas de nossa própria infância e adolescência, nossas sensações, sentimentos e inquietações mais profundas e as pessoas que mais marcaram esses momentos. "A Árvore da Vida”, um filme que está mais pra poesia do que pra prosa, é sem dúvida mais uma amostra de que a boa arte recria a vida, ou melhor, nos devolve vida.


OS VIVOS E OS MORTOS - (John Huston, 1987)
Esse foi o primeiro filme que eu vi de John Huston e, como fiquei sabendo depois, o último filme por ele dirigido, já em uma cadeira de rodas, com balão de oxigênio.O filme me impressionou muitíssimo e a partir daí, quis conhecer não só toda a filmografia de Jonh Huston como também a obra de James Joyce, já que o filme é uma adaptação do conto Os Mortos, do autor.
O filme se passa numa noite de festa e narra o encontro de uma família e dos problemas cotidianos que a cercam.

A cena final do filme é lindíssima: depois de voltar para casa, permanece o personagem de Donal McCann olhando para a mulher, para neve caindo lá fora e pensando sobre os acontecimentos da noite, principalmente nas revelações feitas pela mulher. Pensa: "Que triste papel desempenhei na sua vida. E o filme termina por meio de um monólogo interior, onde se encontram a beleza do filme de John Huston e da literatura de James Joyce:  "Leves batidas na vidraça fizeram-no voltar-se para a janela. A neve tornava a cair. Olhou sonolento os flocos prateados e negros, que despencavam obliquamente contra a luz do lampião. Era tempo de preparar a viagem para o oeste. Sim, os jornais estavam certos: a neve cobria toda a Irlanda. Caía em todas as partes da sombria planície central, nas montanhas sem árvores, tombando mansa sobre o Bog of Allen e, mais para o oeste, nas ondas escuras do cemitério abandonado onde jazia Michael Furey. Amontoava-se nas cruzes tortas e nas lápides, nas hastes do pequeno portão, nos espinhos estéreis. Sua alma desmaiava lentamente, enquanto ele ouvia a neve cair suave através do universo, cair brandamente – como se lhes descesse a hora final – sobre todos os vivos e todos os mortos."

Bastardos Inglórios - EUA/Alemanha, 2009. Dirigido por Quentin Tarantino, com Brad Pitt e Christopher Waltz. Tarantino segue com seu estilo único, mesclando músicas, humor negro, sangue, violência, história, trama, reviravoltas. O filme conta duas histórias, nos primeiros anos da ocupação alemã na França, que se cruzam em algum momento. Shosanna Dreyfus testemunha a execução da sua família pelas mãos do coronel nazista Hans Landa. Shosanna consegue escapar e foge para Paris, onde muda de nome e assume a identidade de uma dona de um pequeno cinema. Em outro lugar da Europa, o tenente Aldo Raine orgazina um grupo de soldados judeus americanos para colocar em prática uma vingança. Conhecido pelos alemães como os “Os Bastardos”, o grupo de Raine junta-se à atriz alemã e agente secreta Bridget Von Hammersmark em uma missão para eliminar os líderes do Terceiro Reich. E o destino junta todos no mesmo cinema, onde Shosanna tramou um plano de vingança próprio.



Ardil 22 é surpreendente e muito embora trate da guerra, penso que sua lógica se aplica a várias situações do cotidiano do nosso "mundo civilizado" e suas exigências de sacrifício e abnegação.

Tive a liberdade de tomar emprestado alguns trechos dos comentários de Sérgio Vaz no blog: 50 anos de filmes, mas retirei, ousadamente, as críticas, porque pra mim o filme é bom por inteiro. Pra quem quiser ver, me parece que é possível baixar da internet, porque como o filme é de 1970 dificilmente será encontrado em alguma locadora.
Ardil 22 é um panfletaço contra a guerra, contra as guerras, todas elas, qualquer uma – talvez seja um dos mais violentos de tantos panfletos contra a guerra que o cinema já fez. Usa, como antídoto contra a insanidade que é a guerra, a própria essência dela: a insanidade, a loucura, a absoluta, completa falta de sentido, de lógica, de razão.
A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial, e envolve um grupo de oficiais da aviação americana, numa ilha do Mediterrâneo, perto da Itália – mas o filme mirava na guerra do Vietnã, na qual os Estados Unidos estavam atolados até o pescoço quando o filme foi feito, em 1970.
O diretor Mike Nichols vinha de dois filmes elogiados e de sucesso, Quem Tem Medo de Virgínia Wolf?, de 1966, e A Primeira Noite de um Homem/The Graduate, de 1967. Aqui, escolheu a sátira – um tom narrativo difícil, em que o autor anda sempre no fio da navalha, correndo o risco de errar a mão.
A base da história é a seguinte: qualquer pessoa que não deseje lutar numa guerra é sã, não está louca, e portanto está apta a lutar.
A situação é apresentada bem no início do filme, num diálogo entre o médico do destacamento, o dr. Daneeka (Jack Gilford), e o capitão Yossarian (interpretado com brilho por Alan Arkin, esse grande ator). Yossarian quer que o médico o dispense, o mande de volta para casa.
Dr. Daneeka: – “Há um catch”.
Catch, entre diversas outras coisas, é pegadinha, engodo, impedimento – ou ardil, como se escolheu para o título brasileiro.
Yossarian: – “Um ardil?”
Dr. Daneeka: – “Isso. Ardil 22. Qualquer um que queira sair do combate não está louco de verdade, portanto não posso dispensá-lo.”
Yossarian: – “Deixe eu ver se entendi direito. Para ser dispensado, eu tenho que estar louco. E eu preciso estar louco para continuar voando. Mas se eu pedir para ser dispensando, significa que não estou mais louco, e tenho que continuar voando.”
Dr. Daneeka: – “É isso. É o ardil 22.”
Yossarian: – “Bom ardil, esse ardil 22.”
Dr. Daneeka: – “O melhor que há.”
A lógica da falta de lógica e a lógicas dos delírios, alucinações
Toda a narrativa do filme seguirá essa lógica louca, a lógica da guerra, da falta de lógica. E vai misturar a lógica louca com a lógica dos pesadelos, dos delírios, alucinações de um Yossarian gravemente ferido.
(...)
Foi impossível não comparar com outro filme da mesma época, que também optou pelo tom de sátira ao criticar, de forma igualmente violenta, o envolvimento americano no Vietnã – M.A.S.H., de Robert Altman, feito dois anos depois, em 1972. Nos pareceu que M.A.S.H. é mais bem resolvido, mais redondo.
(...)
O elenco é excepcional, e os tipos criados pelo escritor Joseph Heller, autor da novela, e desenvolvidos no roteiro de Buck Henry, são sensacionais. O coronel Cathcart feito par Martin Balsam é um louco completo, aumentando sempre o número de missões que cada aviador tem de cumprir antes de finalmente dar baixa. O general Dreedle feito por Orson Welles é o exagero da loucura – um assassino à solta, feroz, sanguinário. O capitão Nately, interpretado pelo cantor Art Garfunkel, é a inocência em pessoa, o alheamento total à realidade, apaixonado pela prostituta italiana com uma fé cega na santidade da moça. O tenente da intendência Milo, interpretado por Jon Voight, é uma sátira furiosa das bases do capitalismo, o fazer negócios com tudo possível e imaginável, e dane-se a vida das pessoas.
Ardil 22/Catch-22
De Mike Nichols, EUA, 1970
Com Alan Arkin, (capitão Yossarian), Martin Balsam (coronel Cathcart), Richard Benjamin (major Danby), Art Garfunkel (capitão Nately), Jack Gilford (Doc Daneeka), Bob Newhart (major Major), Anthony Perkins (capelão Tappman), Paula Prentiss (enfermeira Duckett), Martin Sheen (tenente Dobbs), Jon Voight (Milo Minderbinder), Orson Welles (general Dreedle), Bob Balaban (capitão Orr)
Roteiro Buck Henry
Baseado no livro de Joseph Heller
Fotografia Nelson Tyler e David Watkin


MEIA NOITE EM PARIS (Diretor e Roteirista: Woody Allen; Owen Wilson, Rachel McAdams e Kathy Bates; 2011, 94 min.) - A cada filme fico mais fã de Woody Allen. Mas que me perdoem Match Point, Vicky Cristina Barcelona e Tudo Pode Dar Certo. Meia Noite em Paris foi, para mim, uma hecatombe de delícias! A começar pelos dois personagens principais, um escritor iniciante e a cidade de Paris, vivida intensamente por ele em suas "idades de ouro", iluminadas pelas deliciosas caricaturas de Hemingway, Fitzgerald, Picasso, Salvador Dalí, Buñuel, Gertrud Stein, Lautrec e Gauguin. Durante todo o filme, sentimos que Woody simplesmente se deliciou ao escrevê-lo e dirigi-lo. Mas não pára por aí. O melhor de tudo é que ele nos embarca com mestria no seu gênio e humor altamente refinados, fazendo com que, completamente enredados pela trama, curtamos, brinquemos, homenageemos e zombemos, em cada cena, de todos esses sedutores personagens. Já quero bis!


Down by law - No final de semana passado, vi este filme, indicação de minha amiga Vevê (desculpe-me a inevitável referência Juliana!) e, simplesmente, adorei. Uma história de "losers", em homenagem a meu amigo Zequinha! Clássico de Jim Jarmusch esse cult-movie foi um dos mais importantes filmes do cinema independente americano dos anos 80. Down by Law é uma obra que mostra pessoas que vivem nos limites da sociedade, longe dos ideais do sonho americano. Nada de efeitos especiais, p&b com super fotografia. Vale a pena assistir.





Esse é um lindo e delicado filme. Que de uma certa forma, redime a todas nós. Divirtam-se ao se surpreender!





Valentin

Vejam, vejam, vejam! Um dos filmes mais lindos que já assisti. E tão gostoso! Impossível não se apaixonar por Valentin...



Inconscientes
Direção de Joaquin Oristrell - 2004.Com Mercedes Sampietro, Luis Tosar e Leonor Watling.Excelente comédia espanhola sobre os primórdios da psicanálise. Afinal, é uma boa idéia adentrar no terreno do inconsciente? Filme muito bem feito, com situações realmente hilárias. Veja assim que tiver tempo[Marina Procópio].  




A BANDA 

Para nós, que sentimos falta de silêncio e delicadeza.
Homenagem ao respeito, ao humano, ao cotidiano. Vale a pena.



 
 
TRILOGIA MILLENNIUM 

Após ler a Trilogia Millennium nada melhor que assistir aos filmes. Apesar de Hollywood  já estar se preparando para filmá-la a versão sueca já está pronta e é perfeita. Nada de produção. É incrível como os filmes conseguiram, apesar de cortes necessários, passar a trama central. Os personagens parecem ter sido inspirados nos atores escolhidos para atuar no filme. Imperdível.

                                                                                                                                                                                                                  
PALERMO SHOOTING - Filme de  2008 escrito e dirigido pelo diretor alemão Wim Wenders. Estrelado por Campino, Dennis Hooper, Giovanna Mezzogiorno e Lou Reed, conta a história de um fotógrafo em crise existencial que viaja para Palermo e de seu encontro com a a morte (e a vida) representada pelo ator Dennis Hooper. Fotografia maravilhosa, músicas ótimas e uma excelente metáfora entre morte (vida) e fotografia. A conversa de Finn, o fotógrafo, com a Morte, ao final do filme (que lembra um pouco o Sétimo Selo, do Bergman), como não poderia deixar de ser,  é reveladora. Um filme fora dos clichês, pra gente se sacudir.


O PAGAMENTO FINAL (Carlito's Way, EUA, 1993, suspense policial, 144 min, Diretor: Brian de Palma, Atores: Al Pacino, Sean Penn, Penelope Ann Miller). Sem dúvida, um dos melhores filmes de suspense que eu já vi. Com muita inteligência, domínio do gênero e pouquíssimos tiros, Brian de Palma nos prende do início ao fim às aventuras do anti-herói Carlito, encenado por Al Pacino com sua competência e charme habituais. Vale observar a não menos magistral atuação de Sean Penn, praticamente irreconhecível no filme.

ABRAÇOS PARTIDOS (Los Abrazos Rotos, 2009, suspense e drama, 127 min, Diretor e roteirista: Pedro Almodóvar, Atores: Penélope Cruz, Lluís Homar, Blanca Portillo). Confesso que até "Volver" gostava pouco dos filmes de Almodóvar. Me perdoem os defensores do tal "cinema de vanguarda", que só lhe têm elogios. Aproveito pra confessar que tenho mesmo dificuldades em dialogar com a maior parte do que se diz "arte contemporânea" (de tantos sentidos e interpretações possíveis, acho que a comunicação deixa de existir e a coisa fica só "desconstrução" em si, na "abertura" em si, que não deixa de ser muito pouco). Se com "Volver", por causa da boa história e da compreensão refinadíssima do universo feminino, eu tinha começado a gostar de Almodóvar, com "Abraços Partidos" tenho que dar a mão à palmatória: Almodóvar foi demais! Uma história não só inteligível mas riquíssima, recheada de várias outras histórias, todas fascinantes, como um bom romance, ainda por cima acompanhada da fotografia colorida e do jeito envolvente de filmar característicos de Almodóvar! Assisti a primeira, assisti a segunda, assisti a terceira vez. Em cada uma delas, como num bom vinho, descobri detalhes, lances e sabores novos. Você não vai se arrepender!


PRECIOSA (EUA, 2009, drama, 109 min, Oscars - melhor roteiro adaptado, melhor atriz coadjuvante). Preciosa, como centenas de milhares de mulheres no mundo, é uma sofredora: negra, pobre, gorda, vítima abusos sexuais, mãe solteira e muitas, muitas dificuldades na vida. O filme, baseado no livro Push, de Sapphire, é um drama pesado, sem ser melodramático, que vale ser sentido e observado em todos os seus detalhes: a densidade da história, aliviada pelos sonhos de Preciosa (a fotografia do filme se enche de cor nessas horas), a conversa que a menina tem com sua professora na casa dela, que guarda para mim a frase do filme, e também a frase que abre o filme, que tem o mérito de manter aberta a reflexão.






HAVANA BLUES:
Divertido.
Ótima e inédita trilha sonora.
Reflexivo e libertador: sem maniqueísmos.
Lindos protagonistas.





TARTARUGAS PODEM VOAR:
Pungente e delicado.
Para dizer o essencial: retorna à memória, sutilmente.
Em várias ocasiões.
Vale a pena.





A PARTIDA (Okuribito) - Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2009 - Este filme super delicado conta a história de um violoncelista que volta à cidade natal com a esposa depois que a orquestra onde toca é dissolvida. Lá, começa a trabalhar como funcionário funerário e fica extremamente orgulhoso de sua nova profissão, apesar das críticas dos que o rodeiam.

CHICO XAVIER - Até assistir a este filme, tinha uma vaga idéia do que seria a vida deste tal “Chico Xavier”. Imaginava um homem bom, sério, frágil, sem grandes traços de personalidade própria, uma vez que vivia servindo de instrumento para que espíritos se manifestassem. Adoro ser surpreendida. Descobri um homem de uma bondade e desprendimento ímpares. E mais ainda: um homem com um grande senso de humor! Não deixem de ver as cenas reais que aparecem no final juntamente com os créditos. Valem a pena.


HAMLET 2 - (EUA, 2008, Diretor Andrew Fleming, com Steve Coogan) Assisti esse filme outro dia no Tele Cine Cult e adorei, principalmente sua parte final, quando a peça que está sendo montada durante o filme é apresentada. O título do filme no Brasil foi traduzido como Perdendo a Noção, mas deveriam ter deixado Hamlet 2 mesmo, porque o filme vale a pena para quem conhece, mesmo que de forma geral, a  tragédia de Shakespeare. É que  um professor de teatro resolve produzir a continuação da obra-prima de Shakespeare, mas dando um final novo e inusitado pra ela, que eu, particularmente, adorei. Vale a pena ver, se você gosta de transformar tragédia em comédia. (Marina Procópio)

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (EUA, 2008, Diretor: David Fincher, Brad Pitt, Cate Blanchett, 166 min, 3 Oscars - melhor maquiagem, efeitos visuais e direção de arte) Para alguns um filme enfadonho, para outros um roteiro desconectado. Críticas à parte, O Curioso Caso de Benjamim Button é para mim um filme de momentos. Além da fábula que brinca com a ordem do tempo, o filme tem cenas lindíssimas, como o balé de Dayse à luz do luar, o acidente que ela sofre em Paris, as cenas do início da vida a dois de Dayse e Button, as viagens de Button, além de duas passagens excepcionais do final, que bem valem ser revistas: "For what it's worth: it's never too late or, in my case, too early to be whoever you want to be. There's no time limit, stop whenever you want. You can change or stay the same, there are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it. I hope you make the best of it. And I hope you see things that startle you. I hope you feel things you never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life you're proud of. If you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again. (...) Some people, were born to sit by a river. Some get struck by lightning. Some have an ear for music. Some are artists. Some swim. Some know buttons. Some know Shakespeare. Some are mothers. And some people, dance".

CREPÚSCULO - LUA NOVA - ECLIPSE
E todos os outros que lançarem. Distração, fantasia, vampiros, lobisomens, músculos. Nada melhor para passar o tempo. Sem preconceito, sem perguntas. Apenas divirta-se.

BAR ESPERANÇA - Dirigido pelo Hugo Carvana, foi um filme lançado em 1983. A estória se passa quase o tempo todo num bar cujas portas seriam fechadas para a construção de um Shopping e fala do encontro entre seus personagens adoráveis: boêmios, artistas, militantes da esquerda. loucos. A vernissage de Walfrido Salvador, o striptease da Cotinha ou a Marília Pera, quando assume o papel da vilã da novela na vida real são apenas algumas das cenas impagáveis dessa obra-prima. Bacanérrimo, também, o Luiz Fernando Guimarães, que encarna um ator pornô cujo instrumento de trabalho não funciona. Com Marília Pera, Hugo Carvana, Sílvia Bandeira, Wilson Gray, Paulo Cesar Pereio, Daniel Filho, Denise Bandeira, Antonio Pedro, Louise Cardoso, Nelson Dantas, Anselmo Vasconcelos, Luiz Fernando Guimarães.

Vendo aqui a sugestão da Polyana - logo abaixo - lembrei-me de outro filme com o ator Selton Mello, que adorei e do qual ri demais. O ÁRIDO MOVIE, de 2006, dirigido por Lírio Ferreira, cuja temática é o retorno de um jornalista para a cidade onde nasceu, no interior nordestino; o objetivo dos familiares com seu retorno, por ele insuspeitado, é o de vingar a morte do pai assassinado e manter incólume a honra familiar - cara para o sertanejo, ainda que questionável, mas absolutamente estranha para o cidadão de uma metrópole como São Paulo. Mas o bom mesmo no filme são seus amigos, que se envolvem em mil loucuras, regados a muita droga e álcool. Impagável. Com Matheus Nachtergaelle, Selton Mello, Giulia Gam, Mariana Lima e Gustavo Falcão. (Marina Procópio).

O CHEIRO DO RALO (Brasil, 2006, Diretor: Heitor Dhalia, Ator: Selton Mello, 112 min, vários prêmios nacionais)
O ralo, o esgoto, o sujo, o feio, o erro, o defeito, o vício, o mal, os demônios... A vida definitivamente carrega consigo um lado B. Esse lado B geralmente não nos agrada e dele, com muita frequência, procuramos nos esquecer. Escondemos, tapamos, empurramos pra debaixo do tapete. O grande dilema é que, quanto mais o esquecemos, mais ele ganha força, toma conta e nos engole. Baseado no romance de mesmo nome, de Lourenço Mutarelli, o Cheiro do Ralo, de Heitor Dhalia, feito com apenas R$315.000,00 (pasmem!), é um ótimo filme. Sem rodeios e com muito humor, consegue nos envolver do início ao fim nesse lado B, nessa temática do repugnante, do asqueroso, tão difícil quanto inevitável. 


TAMPOPO, OS BRUTOS TAMBÉM COMEM SPAGHETTI (Tampopo – Japão – 1985 – 115 minutos)
Nobuko Miyamoto, Tsutomu Yamazaki - Direção: Juzo Itami
Comédia japonesa na qual a comida tem papel de destaque. O filme mostra a busca da receita perfeita da sopa de macarrão, cartão de visitas do restaurante de Tampopo. Essa busca revela o quando a comida é importante na cultura e sociedade japonesas.

AS PONTES DE MADISON (The Bridges of Madison County)
Clint Eastwood e Meryl Streep - Drama - Direção: Clint Eastwood
Um dos meus filmes favoritos, daqueles que não me canso de assistir. Sabe quando agente já decorou as falas? História de amor sem final feliz. Uma mulher forte, cheia de vida e sonhos, capaz de abrir mão de todos eles para manter sua família unida! Vou às lágrimas na cena em que ela, em um dia chuvoso, luta consigo mesma para não abandonar tudo e viver um grande amor! Apaixonante.




DÚVIDA (Doubt, EUA, 2008).
Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Viola Davis, Joseph Foster. Direção: John Patrick Shanley.
Em 1964, uma escola católica do Bronx é sacudida pelo conflito entre uma madre superiora autoritária e um padre progressista, ainda mais depois que se levantam suspeitas sobre o comportamento do padre em relação ao único aluno negro. Um admirável duelo de interpretações de atores já premiados com o Oscar, como Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman, numa história extraída de uma peça teatral premiada com o Tony e o Pulitzer.





O LEITOR (The Reader, EUA/Alemanha).
Kate Winslet, Ralph Fiennes, David Kross, Lena Olin, Bruno Ganz.
Direção: Stephen Daldry. Com
Na Berlim do pós-guerra, garoto de 15 anos envolve-se com condutora de bondes mais velha. Oito anos depois do rompimento, agora advogado, ele a reencontra num tribunal, como ré de crimes sob o nazismo.


INIMIGOS PÚBLICOS (Public Enemies, USA, 2009, Diretor: Michael Mann, Ator: Johnny Depp, 140 min) 
No filme Inimigos Públicos, John Dilinger, um dos assaltantes de bancos mais ousados e procurados pelo FBI nos EUA de 30, leva a mocinha com que flertava a um dos cafés mais sofisticados da cidade e, em meio aos burgueses que tanto repudia, diz a ela:
“- Essas pessoas só se preocupam com o lugar de onde vêm... Eu me preocupo com o lugar para onde vou”.
Pergunta-lhe então a mocinha:
“- E para onde vai?”.
Responde ele:
“- Para onde quiser”.
E agora eu pergunto, José. E você? De onde você vem? E para onde vai? Se vai, vai porque quer?


SAMSARA (Drama - Itália/França/Índia/Alemanha – 2001 – 138 minutos, Direção: Pan Nalin)
"História de amor espiritual", filmada nas imponentes locações geladas do Himalaia. O foco está centrado nas buscas empreendidas por duas pessoas diferentes. De um lado, um homem procura pelo esclarecimento espiritual por meio da renúncia ao mundo real. De outro, uma mulher quer encontrar o amor e uma nova vida inserida no mundo. Essas duas buscas, em determinado momento, se cruzarão e conectarão irreversivelmente a vida dos personagens.