Tem muitas coisas que a gente aprende pelo seu avesso. Eu, por exemplo, acabei me descobrindo muito didática. Acho que a minha dificuldade de entender as coisas, sendo nova num velho mundo, só era superada quando a explicação do fato vinha desde a origem, o que, confesso, tornou bem mais difícil meu processo de aprendizagem. Já pensou? Professora, porque que o "a" é letra? De onde é que essa letra veio? Por que que chama vogal? Por que não é consoante? E a professora, infeliz, ou teria que me explicar a origem da letra "a", da qual ela provavelmente não tinha a menor idéia, ou teria que me falar, compreensivelmente - já que ela tinha que atender a mais uns 40 alunos - que o "a" é letra e pronto e que é vogal porque não é consoante. Explicação pouco convincente, mas, na verdade, suficiente para todo mundo aprender a ler e escrever. Até pra mim, com um pouco mais de dificuldade.
Pois é. Só que eu nunca me libertei desta precisão, que acabou gerando em mim seu oposto: gosto de explicar, tim-tim por tim-tim, pra não ficar nenhuma dúvida.
Assim, preciso explicar pra vocês - nossos inúmeros leitores, tenho certeza - que somos quatro, quatro mulheres entre os 20 e os 50 (um pouco mais, um pouco menos) que resolveram escrever, nessa coisa maravilhosa e acessível que é o blog, suas impressões sobre tudo, mas cada uma da sua maneira, porque, vocês sabem, cada um recebe o mundo de um jeito. Por isso, os retalhos, que a gente vai tentando emendar, se possível.
Não vou falar pra vocês sobre cada uma, essa é uma tarefa singular, mas é imperioso - pra mim, pelo menos - me situar, pra que vocês possam ter uma idéia do que vem por aí.
Tenho três obsessões: me conhecer, emagrecer e não envelhecer (não necessariamente nesta ordem). Risíveis, mas me perseguem. Devo confessar, também, que sou um tanto quanto melancólica.
Duas coisas têm me salvado: os livros e os antidepressivos. Uso sempre um ou outro, ou os dois, concomitantemente. Por isso, em tudo que eu escrever se manifestarão outros escritores, já que sou deles uma espécie de filha adotiva, ainda que me reneguem. Não direi nada sobre os antidepressivos; sua especificidade científica foge da minha alçada. Mas talvez, sei lá, mesmo sem perceber eles falem por meio de mim: é que às vezes, ao contrário, penso que antidepressivos são pura poesia.
E, à moda de Drummond, preciso de todos; por isso me dispo: eu sou a Marina, nasci em Itabira, ganho impacientemente a vida com o Direito e tenho 46 anos. [Marina Procópio]
Marina,
ResponderExcluirQue bela apresentação!
E não é que eu também tenho essa mania de começar pelo começo! Por que será, meu Deus?! Talvez, como vc bem definiu, seja isso... essa coisa de ser "nova num velho mundo". "Ser nova num velho mundo"... Levarei essa comigo!