quarta-feira, 12 de maio de 2010
PROSA E AMIZADE: COSTURANDO OS RETALHOS
No que me cabe, inauguro este blog com uma prosa que me costura o retalho a outros três: minhas amigas Joyce e Juliana e "minha amiga Marina". Não sei bem ao certo como tudo começou. Sei apenas que no início, antes do verbo, fizeram-se os quatro primeiros retalhos, que depois a prosa costurou. Um deles sou eu mesma, quem fala. "- Muito prazer, Polyana. A mais nova dos retalhos, ainda aprendendo a coser".
Era ainda mais nova, quando me deparei com os dois primeiros retalhos no meu primeiro trabalho. Lá estavam Joyce e Juliana. A aparente distância da chefia logo cedeu à prosa e a todos os pontos que ela veio costurar. Numa mão, a palavra, que enredou e perpassou entrelaçando os tecidos de nossas vidas. Na outra, o tempo, que sereno se encarregou das golas e decotes, dos cortes e recortes, crochês e pontos de cruz.
Da Jota, o primeiro traço foi a alegria, que sorrateira e insistente me soltou as pregas. Na trama da amizade, seguiram-se o companheirismo e a sinceridade. E lá estava estava aquele belo retalho, presente na minha primeira grande viagem. Da alegria fui a outras pontas: o silêncio modesto e atento e o espírito irreverente. E agora, depois de muita costura, alcanço nela o traçado da simplicidade, em que tem se inspirado o meu tecer.
Veio da Jota a linha da admiração, que me atou à Juliana. Juca primeiro me bordou o retalho com suas experiências e bons conselhos, que me encorajaram o seguir adiante, sobretudo, o não subestimar do tempo, dos sonhos e dons. Rebordou-me a Juca com reflexão e sensibilidade. Alinhavou-me com doçura. E, depois de emendar pontos e mais pontos em comum, revelou a amizade que nossos retalhos tem o mesmo feitio, o que é para mim imenso orgulho.
Deu a Jota também a linha para a "minha amiga Marina", que exatamente assim me veiode presente daquela amiga. De Marina vi primeiro a graça aberta, que me cavou o riso. Vejo agora a soltura para a vida, que me afrouxa os botões. Vejo também a percepção apurada, que ligeiro e direto chega ao ponto, e a melancolia sincera, que sutil me mostra meus avessos. É por isso que sei que essa amizade há pouco iniciada dará, fio a fio, muito pano pra manga.
Acerta, colega, quando suspeita que o tecer é aqui mera ou meta figura. As "mocinhas" deste tempo já não se reúnem em gabinetes de costura. É à volta das mesas de bares, e agora lares, que embalamos às altas horas a boa prosa. O rocar dos teares deu lugar à palavra, seja ela altiva, baixinha, curta, demorada, pensada, impensada, sentida, sofrida, risada ou da boca pra fora. A roda e a costura é que continuam as mesmas, emendando e remendando o viver.
Se pensa que este blog é o alargar da roda e dos remendos, acerta novamente. As "mocinhas" deste tempo fazem alçar vôo a costura ao espaço virtual. Sinta-se bem-vindo nesta nova roda, como se junto de nós estivesse, no tear ou na mesa do bar ou do lar. A boa prosa pede apenas três coisas: ouvido apurado, mente livre e fala solta. E a prosa amiga pede apenas duas coisas: leve um pouco dos nossos e nos deixe um pouco dos seus retalhos.
[Poly Jeha]
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Que delícia! Vim dar uma olhadinha no blog hoje pela manhã e me deparei com mais dois textos e um comentário (que eu ainda não tinha visto, porque sou novata em blogs). E que textos e que comentário! É por isso que eu gosto tanto da escritura!! Dá um tempo pra gente desintrincar os neurônios e tentar soltar um pouco da nossa alma! (Talvez a melhor parte dela, descansada).
ResponderExcluirSomos mesmos novatos, como diz a Ju. Mas parece que a novidade termina sendo sempre uma grata surpresa.
Se você está aprendendo a coser o que dirá quando souber de verdade! Apesar de saber pouco ou quase nada sobre quem voce é, vou aos poucos e como intrusa me chegando a sua pessoa, pelo curso de contar histórias, pelos acasos que não são acasos dessa vida, pelo seu jeitinho que sorrir tão solto e agora pela sua forma de escrever tão linda. Bendita escrita, santas letras!
ResponderExcluirParabéns estou amando conhece-la mais um pouco.
Beijos, até agosto...
Marília