quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ENSINAR


 
Haroldo e Teobaldo tornaram-se amigos na maturidade. Ao bem da verdade, nem tão amigos assim... Mais por conta da amizade entre suas esposas, talvez...
Enfim, gostavam um do outro.


Mas existia algo naquele tempo. Ou, para não incorrer na ilusória percepção de memórias que teimam em idealizar o ido, onde não é mais possível saber do real, havia algo naquelas pessoas.


Que foram, por assim dizer, convivendo. Falando dos filhos e dos netos. Dividindo desassossegos e viajando juntos. Sentindo saudades comuns. Contando piadas. Planejando futuros.


Até que um deles adoeceu. No início, um desequilíbrio. Ao final, não podia andar. Sequer falava.


Aí, o outro o visitou. Todos os dias. Sem exceções. Tocava a campainha na mesma hora, voltando do trabalho, ou não. Sentava-se ao seu lado. Às vezes, contava uma novidade. Na maioria, nada dizia.
Ficava.
E se ia.


Chegou, então, o dia em que o amigo partiu. Definitivamente.
E nesse momento, sua neta cismou...
Tantas visitas.
E o humano coração do amigo, do seu amado avô. [Juliana]

Um comentário:

  1. Juju, me emocionei... até chorei... coisa que faço pouco... não me lembrava das visitas do Sr. Haroldo... saudades do vovô!!! Mil beijos, Pati

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