sábado, 3 de setembro de 2011

ESNOBES



Pretendem-se sinônimos da elegância. Ouso discordar.

Afinal, há algo além da roupa cara, sua jóia complementar e o bom perfume. Que, aliás, para ser bom precisa ser importado. Afinal, fragrâncias nacionais jamais atingem o glamour estrangeiro...
Mais que o gosto, vale a inacessibilidade.

Regras e preferências à mesa são bons exemplos. O popular (acessível), exceto se “customizado” (e mesmo assim, a depender da tendência do momento), não é “elegante” jamais.

Mas o melhor está nas palavras: negro, pobre, subdesenvolvido, prostituta transformados, pela “etiqueta”, em afro-descendente, menos favorecido, “em desenvolvimento” e “acompanhante eventual”.
Tenham dó!
Assusta o fato de que os conteúdos e as suas implicações concretas não mudam. Mas (e apenas) o leiaute sim.

Inclusive, locução e ofício do “politicamente correto” em si já são suficientemente duvidosos para concluir que o conceito para mais nada serve além de encobrir preconceitos e tentar escondê-los até dos seus próprios perpetuadores, assim, dissimulados de “elegantes”.

Acontece que elegância e ética não são concepções dissonantes, mas complementares. Ser elegante é não jogar lixo na rua. É não parar em fila dupla e respeitar as regras de trânsito. É ser educado com todos aqueles que ocupam escalas hierárquicas superiores e inferiores (sobretudo) do seu ambiente de trabalho. É parar o seu caríssimo carro para uma mãe, com o bebê no colo, atravessar a rua, na faixa de pedestre, cuja preferência é sua.

Aos elegantes demais para seguir regras de convivência – que nada mais são do que tratar também aos “deselegantes” com respeito e educação: este princípio simples supera a elegância daqueles que tanto admiram a limpeza das praças européias, mas não catam o cocô que o seu cachorro faz na calçada da frente da sua própria casa.

Aliás, sobre elegância, apenas o fundamental: tratar o outro, seja quem ele for, como gostaria de ser tratado, diz, sobre si, elegantemente, muito mais que qualquer acesso a roupas, jóias, perfumes, carros, comidas e palavras.
[Juliana]

3 comentários:

  1. Quanta perspicácia minha cara! E, perspicaz, em seu sentido mais aureliano: "que tem agudeza de espírito; sagaz, inteligente"! Para mim é um orgulho fazer parte do dito popular "Dize-me com quem andas, que te direi quem és". Sim, sou um retalho, e com muita honra! J.

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  2. Querida irmã, depois de muito escutar das outras irmãs (Flá e Paula) comecei a prestar atenção em mim mesma no trânsito e vi que sou totalmente deselegante neste quisito... estou mudando... respiro fundo pelo menos umas cinco ou seis vezes ao dia quando preciso andar de carro... e percebi como somos mal educados!! Em compensação trato tão maravilhosamente meus pacientes e alunos, sempre com um sorriso estampado! Então, por que não tranferir isso para todas as áreas de nossas vidas? Amo você, Pati

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  3. Mamãe Juju, outro dia mesmo fui buscar nosso Gordinho na escola e quanta gente desrespeitando o transito... Excelente sinal de deselegância e egoísmo... Ser elegante é se colocar no lugar do proximo, e tratá-lo da forma como gostaríamos de ser tratados!
    Viva a educação e a simpatia!!
    Beijos rosas! Nega

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