Sinônimo e conseqüência da maneira econômica que nós, humanos, criamos para nos relacionar com as riquezas do mundo e com nossos semelhantes: capitalismo.
Maneira que se imiscuiu em tudo, até nas mais íntimas relações entre as pessoas.
Aos meus sentidos a concepção é, sobretudo, paradoxal.
Afinal, um sistema que exclui de suas benesses 2/3 da população que hoje vive sobre a terra e coloca em risco a sobrevivência da própria espécie que o criou precisa, no mínimo, ser observado com cautela.
No tempo da juventude, cada vez mais velhos.
No tempo dos magros, cada vez mais obesos.
No tempo da riqueza, cada vez mais pobres.
No tempo da bioquímica, cada vez mais deprimidos.
No tempo do barulho, cada vez menos qualidade.
No tempo dos excessos, cada vez mais faltas.
No tempo da informação, cada vez mais medo.
No tempo das diferenças, cada vez mais preconceitos.
No tempo do ter, cada vez menos ser.
No tempo do sucesso, cada vez mais pessoas vivendo à margem do que quer que isso possa significar.
Não satisfeito, o desrespeito agrava-se:
Aos velhos, a dor de não serem mais necessários.
Aos gordinhos e gordões, a infelicidade de ser visto, tão-somente.
Aos pobres, a ilusão de necessidades tão pouco essenciais.
Aos deprimidos, a insuficiência médica.
Ao silêncio, menos espaço.
Às faltas, maior intensidade.
Aos medos, ausência de soluções.
Aos preconceitos, dissimulação.
Aos seres, coisas.
Dos que vivemos à margem, esperança de alternativa.
Um pouco de humanidade não seria ruim.
[Juliana]
Ju,
ResponderExcluirFinalmente tive tempo de dar uma parada aqui, pra ler e comentar (você sabe que eu não resisto, né, olho o blog todo dia, mas não dá tempo pra comentar de imediato). Pra falar um pouquinho, tem que dar uma parada nesta nossa vida que é só, como disse Shakespeare, som e fúria.
Mas eu citei Shakespeare de propósito, porque o que você escreveu me lembrou uma frase famosa de Shakespeare, que em Macbeth afirmou que a vida é "uma história contada por um idiota, cheia de som e fúria, significando nada". E me lembrei também porque acabei de ver um filme do Woody Allen, que começa com a citação desta frase.
Ao que parece, o capitalismo é uma luta frenética em busca da conquista da insignificância. Você passa a vida toda lutando por coisas que representam valor para o outro, se perde e se entristece por causa delas, deixa escorrer o precioso e mínimo tempo pelas mãos lutando para conquistar o lugar do outro e, no final, o rio enche, o mar transborda, levando tudo, toda a dor, toda a lágrima, todo o orgulho pelas ínfimas conquistas que significam tanto para o homem, mas que na verdade são nada quando não o deixam feliz.
Mas a gente não aprende. O homem é um animal estúpido por natureza.
Beijos,
Pois é Marinaaaaaa, frustrantes constatações, não é? E seu comentário ficou mais legal que meu texto! Safada! Hoje encontrei o Zeca, a maior surpresa! Beijos ansiosos para quarta, Ju
ResponderExcluirParabéns as quatro Amazonas do mundo blogueiro e em especial a minha amiga e companheira Juliana, desse jeito acho que vcs vão conseguir até ganhar um trocado com esse Blog. Ops já estou eu caindo nas teias do capitalismo, foi mal é força do hábito!!!
ResponderExcluirBonito... difícil é pensar nas condições em que nos encontramos... realidade dura... cada vez mais penso que realmente precisamos de mais humanidade... onde vamos parar? Pelo menos tenho os dois gordinhos para acalentar meu coração - Heitor e Vitor! Beijos, Pati
ResponderExcluirtitia pati e anônimo querido (quem é você?) obrigada pelo carinho!
ResponderExcluir