Boa Esperança, sul de Minas Gerais. Cidade onde moram meus pais e local que escolhi para passar férias este ano. Nada de mochilões mirabolantes, viagens ao exterior ou lindas praias do Nordeste. Simplesmente Boa Esperança! Simplesmente Good Hope City!
Acolhimento, casa, pais. Como o passar do tempo nos acalma!
Minhas únicas preocupações: ler, pedalar sem destino e sem hora para voltar, ouvir muita música, ver todos os filmes que conseguir, tirar sonecas descontroladas e, principalmente, aproveitar a companhia dos meus pais.
Meus pais. Ultimamente sempre presentes em meus pensamentos e real razão desta minha “volta às origens”. Coincidentemente, li, hoje, um texto da escritora Martha Medeiros que trata do assunto de maneira muito semelhante às minhas divagações e que merece ser transcrito e refletido. [J]
“Nossos velhos
Pais heróis e mães rainhas do lar. Passamos boa parte da nossa existência cultivando estes estereótipos. Até que um dia o pai herói começa a passar o tempo todo sentado, resmunga baixinho e puxa uns assuntos sem pé nem cabeça. A rainha do lar começa a ter dificuldade de concluir as frases e dá para implicar com a empregada. O que papai e mamãe fizeram para caducar de uma hora para outra? Fizeram 80 anos.
Nossos pais envelhecem. Ninguém havia nos preparado para isso. Um belo dia eles perdem o garbo, ficam mais vulneráveis e adquirem umas manias bobas. Estão cansados de cuidar dos outros e de servir de exemplo: agora chegou a vez de eles serem cuidados e mimados por nós, nem que pra isso recorram a uma chantagenzinha emocional. Têm muita quilometragem rodada e sabem de tudo, e o que não sabem eles inventam. Não fazem mais planos a longo prazo, agora dedicam-se a pequenas aventuras, como comer escondido tudo o que o médico proibiu. Mas não estão caducos: caducos ficam os filhos, que relutam em aceitar o ciclo da vida.
É complicado aceitar que nossos heróis e rainhas já não estão no controle da situação. Estão frágeis e pouco esquecidos, têm este direito, mas seguimos exigindo deles a energia de uma usina. Não admitimos suas fraquezas, seu desânimo. Ficamos irritados se eles se atrapalham com o celular e ainda temos a cara-de-pau de corrigi-los quando usam expressões em desuso: caça de brim? frege? auto de praça?
Em vez de aceitarmos com serenidade o fato de que as pessoas adoram um ritmo mais lento com o passar dos anos, simplesmente ficamos irritados por eles terem traído nossa confiança, a confiança de que seriam indestrutíveis como os super-heróis. Provocamos discussões inúteis e os enervamos com nossa insistência para que tudo siga como sempre foi.
Essa nossa intolerância só pode ser medo. Medo de perdê-los, e medo de perdermos a nós mesmos, medo de também deixarmos de ser lúcidos e joviais. É uma enrascada essa tal de passagem do tempo. Nos ensinam a tirar proveito de cada etapa da vida, mas é difícil aceitar as etapas dos outros, ainda mais quando os outros são papai e mamãe, nossos alicerces, aqueles para quem sempre podíamos voltar, e que agora estão dando sinais de que um dia irão partir sem nós" - Martha Medeiros
Fiquei emocionada com tudo. Início, meio e fim.
ResponderExcluirQue disco é esse do Caetano?
Beijos.
M.
igualmente emocionada, do início, meio e fim... te amo J!
ResponderExcluirLinda foto do meu amigo!! Fiquei feliz, pois meu presente está rendendo bons frutos, ou melhor, bons textos... bjs.
ResponderExcluirBelos textos, o seu e o da Marta. Belíssima foto! Bons tempos, boa esperança e boa espera... pra nós todos, que passaremos por ela. Abraço apertado e bjo no rosto da minha amiga Jtinha, pelo doce carinho com os papás.
ResponderExcluirFofa a combinação: introdução, foto e maravilhoso texto!!!
ResponderExcluirBeijos saudosos!
Maryzinha.